Maltratar é danificar fisicamente uma criança/jovem, deixando-lhe graves sequelas físicas
Existem muitas outras formas de mau trato que podem igualmente ser concretizadas que, muito embora não resultem em sequelas físicas diretamente consequentes da violência, prejudicam igualmente o seu bem-estar geral.
Assim, tão ou mais frequentes que os maus tratos físicos, são as situações de mau trato psicológico, a exposição das crianças/jovens à violência interparental, as situações de negligência física e de negligência psicológica. Mais raras parecem, no entanto, revelar-se as situações de mau trato por violência sexual ou por formas mais específicas, como é o caso da síndrome de Munchausen por procuração.
Os maus tratos contra crianças e jovens são pouco frequentes
Esta afirmação é baseada nos dados recolhidos, dados que são esses os reportados. No então, grande parte das situações de maus tratos contra
crianças/jovens não são reportadas às autoridades, ainda que sejam reconhecidas, e outras que não são sequer sinalizadas. Assim pode-se dizer que, muito embora os números oficiais associados aos maus tratos assumam
algum peso, ainda se encontram longe de refletir a realidade referente a esta forma de
violência.
A família é um lugar seguro
A família deveria ser um lugar seguro. No entanto, existem dinâmicas familiares que não contribuem para um desenvolvimento adequado da criança/jovem.
Os adultos protegem sempre as crianças e jovens
Os adultos deveriam proteger as crianças e jovens, mas por vezes são eles os agressores, dado que são incapazes de fornecer um contexto em que as necessidades das crianças/jovens sejam satisfeitas.
O mau trato ocorre apenas nas classes sociais mais baixas
Acontece em todas as classes sociais. a falta de recursos materiais e emocionais deixa as famílias - principalmente as monoparentais (constituídas apenas por um pai) - vulneráveis ao mau trato.
O adulto que maltrata é doente
Existem pesquisas que demonstram que isso não é verdade. O mau trato físico está relacionado com atitudes erradas sobre o desenvolvimento e o exercer de uma disciplina física. Adultos (incluindo pais) que infligem este tipo de mau trato podem ser pessoas que se acostumaram a usar a disciplina física (força física).
As crianças e jovens necessitam de mão pesada; de outro modo não aprendem
A utilização do castigo físico como método de disciplina e de correção dos comportamentos das crianças/jovens poderá provocar efeitos negativos ao nível da escalada do conflito, tensão e violência no funcionamento familiar. O recurso à punição física junto de crianças e jovens especialmente complicadas, poderá funcionar de modo contrário ao que se espera, “obrigando” os adultos/pais à adoção de castigos físicos cada vez mais severos e intensos como tentativa (a maioria das vezes em vão) de controlar ou gerir as condutas das crianças/jovens.
O adulto não precisa de consumir nenhuma dessas substâncias para cometer um mau trato. No entanto, os que consomem apresentam um risco acrescido para a criança/jovem - por negligência (outro tipo de mau trato) quando estão sob o seu efeito.
As crianças/jovens não falam e, quando falam mentem
Uma criança/jovem pode não falar abertamente porque, só falam com quem se sintam à vontade para, num ambiente em que se sinta seguro e protegido.
Por outro lado, a criança pequena não mente ao falar, porque não tem capacidade cognitiva para o fazer - o que acontece é que pode ficar confusa quando lhe é questionada a mesma coisa muitas vezes. Considera que errou e para agradar quem lhe está a perguntar, muda as suas respostas.
Já o jovem tem capacidade de mentir mas, em geral, quando o faz, pode ser indicativo que existe algum problema familiar ao qual ele precisa chamar a atenção urgentemente!
A criança/jovem contribui para o abuso sexual
Não! Algumas características que a criança/jovem pode apresentar, pode torná-lo mais vulnerável a este tipo de mau trato (ex: inteligência, beleza, deficiência, doença). No entanto, o adulto tem a obrigação e a responsabilidade de controlar os seus impulsos e ações, não devendo culpar a criança/jovem.
Apenas as raparigas são vítimas de abuso sexual
Estatisticamente representam uma grande percentagem de vítimas, mas os rapazes também são vítimas. Por norma, o abuso sexual de raparigas ocorre por adultos pertencentes à família e de rapazes, por adultos fora do círculo familiar.
Os autores de abuso sexual são homens
Quase todos os agressores sexuais são homens, mas existem também mulheres que abusam. As pesquisas indicam que este tipo de mulheres são aquelas que frequentemente sofrem de doença psiquiátrica ou têm uma história de traumas (ex: abandono, foram elas próprias vítimas de mau trato; relações conflituosas com os pais).
Os autores de abuso sexual foram vítimas de abuso sexual
Os estudos indicam que nem sempre possuem este histórico. Este tipo de mau trato que exercem é uma reação a outras situações de vida (ex: problemas familiares, outro tipo de maus tratos, exposição a violência familiar)
Bibliografia:
http://www.apav.pt/pdf/Manual_Criancas_Jovens_PT.pdf
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