quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Estou grávida...e Agora? Parte 1


Habitualmente pouco pacífica, a adolescência constitui uma fase de desenvolvimento caracterizada por profundas transformações a nível físico, psicológico, afectivo, social e familiar (Rosa Rodrigues,2010).

A gravidez na adolescência é um fenómeno universal, tendo as suas origens no passado, existe connosco no presente e, se não for prevenida, continuará no futuro.
Portugal é o segundo país da Europa Ocidental a registar maior número de grávidas adolescentes, muito embora na última década se verifique um decréscimo. Todos os dias doze adolescentes dão à luz em Portugal! (Rosa Rodrigues, 2010)



Gráfico 1: Fontes de Dados: INE - Estatísticas de Nados-Vivos | Estimativas Anuais da População Residente. Fonte: PORDATA

Gravidez desejada e gravidez indesejada

Uma gravidez indesejada na adolescência ocorre por várias razões:

·        Porque o método contracetivo falhou ou pela má utilização do mesmo;
·         Porque não se utilizou qualquer proteção durante as relações sexuais;
·         Por falta de informação;
·     Pela existência do pensamento mágico de que “só acontece aos outros” ou, ainda, por crendices e mitos à volta das relações sexuais como, por exemplo: na primeira vez não há risco de ficar grávida ou quando “se faz de pé” não há problema!

Existem, também, gravidezes que são desejadas durante a adolescência e que são determinadas:
·         Por padrões culturais;
·   Por questões mais complexas como, por exemplo, o sentir que estando grávida se consegue o amor do namorado; a fantasia de que a gravidez lhe trará mais afeto, atenção por parte dos outros; como forma de sair de casa dos pais mais rapidamente ou até mesmo pela idealização de que o bebé lhe trará o “papel da sua vida”.

A decisão de ter um filho implica ponderação e diálogo sobre a responsabilidade de o ter, sobre a forma como um filho altera completamente a vida e sobre as coisas de que é preciso prescindir depois da maternidade/paternidade.

COMO SABER SE ESTOU GRÁVIDA?

Se existiram relações sexuais desprotegidas (pelos mais variados motivos) e a menstruação não surgiu na altura em que deveria surgir, não vale a pena entrar em pânico, mas também não adianta “fingir” que não é nada. 
É preciso refletir um pouco sobre a situação e avançar para um teste de gravidez! Este pode ser comprado na farmácia e levado para fazer em casa (com a primeira urina da manhã) ou então pode ser feito na própria farmácia (levando a urina num recipiente esterilizado). Pode ainda fazer o teste no Centro de Saúde numa consulta de Planeamento Familiar ou num Centro de Atendimento a Jovens.

SE DER POSITIVO, O QUE FAZER?

Uma gravidez precoce não planeada implica sempre uma tomada de decisão. Independentemente da decisão que se venha a tomar, é importante procurar o apoio de uma ou mais pessoas, para que esta possa ser uma reflexão ponderada e de forma a conseguir lidar melhor com a situação.
Neste momento surgem perguntas como:
·         “o que vão dizer os meus pais?”;
·          “como vai ser o meu futuro?”;
·         “será que devemos prosseguir com a gravidez?”.



Qualquer que seja a decisão, não deve ser fácil!

Procure ajuda, falando com alguém de confiança: o pai ou a mãe ou outro familiar, um professor, um amigo. Tem, também, à sua disponibilidade:

Poderão encontrar o apoio de técnicos especializados em Saúde Sexual e Reprodutiva nas linhas descritas acima.

É HORA DE DECIDIR…

Perante esta situação existem várias opções:
·          Prosseguir com a gravidez e assumir a maternidade/paternidade;
·     Prosseguir com a gravidez e, se esta for levada a termo, colocar o bebé em instituição oficial para adoção;
·        Interromper a gravidez, tendo em conta a legislação em vigor (Lei n.º 16/2007 – artigo 1º).

No caso de a rapariga ser menor de 16 anos, o consentimento para realizar a interrupção da gravidez é prestado pelo representante legal.


Bibliografia:
Rodrigues, Rosa. Gravidez na Adolescência. NASCER E CRESCER revista do hospital de crianças maria pia. 2010, vol XIX, n.º 3.
Portal da juventude. Disponível em: Juventude.gov.pt
Consenso sobre Contraceção. Sociedade Portuguesa de Ginecologia, 2011.O implante poderá ser uma opção para as mulheres que querem evitar a rotina diária de um método contracetivo, mas que não pretendem engravidar.

Elaborado por Enfª Carina Coutinho, aluna da Especialidade e de Saúde Materna e Obstétrica da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro


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