A Paralisia
Cerebral (PC) pode designar-se como uma sequela de carater não-progressivo, que
interfere com o normal desenvolvimento do sistema nervoso central imaturo
durante o seu desenvolvimento. A criança com
Paralisia Cerebral tem uma alteração do controlo da postura, tonus e movimento.
Algumas
crianças têm perturbações ligeiras, quase impercetíveis, que as tornam
desajeitadas a andar, falar ou usar as mãos. Outras são gravemente afetadas
com incapacidade motora grave, impossibilidade de andar e falar, sendo
dependentes nas atividades de vida diária. Entre estes dois extremos existem
os casos mais variados, pois de acordo com a localização das lesões e áreas do
cérebro afetadas, as manifestações podem ser diferentes.
Os tipos mais comuns são:
Espástico – Caracterizado por paralisia e aumento de tonicidade dos
músculos resultante de lesões no córtex ou nas vias daí provenientes. Pode
haver um lado do corpo afetado (hemiparésia), os quatro membros afetados
(tetraparésia) ou os membros inferiores (diplegia).
Disquinésia – (Atetose/Coreoatetose ou Distonia) –
Caracterizada por movimentos involuntários e variações na tonacidade muscular
resultantes de lesões dos núcleos situados no interior dos hemisférios cerebrais
(Sistema Extra-Piramidal).
Ataxia– Caracterizada por diminuição da tonicidade muscular,
incoordenação dos movimentos e equilíbrio deficiente, devidos a lesão ou
anomalia no cerebelo ou das vias cerebelosas.
São imensas as funções do cérebro que estão
interligadas entre si, pelo que quando se verifica uma lesão cerebral, é
frequente que várias funções fiquem afetadas. Assim, acompanhando as
perturbações motoras características da paralisia cerebral, podem-se verificar
outras afeções, tal como referem os diferentes autores Miller e Clark (2002),
Lima (2000) e Jiménez (1997), ao nível da linguagem, da audição, da visão, do
desenvolvimento mental, da perceção e das relações sociais, podendo também
estar associada a epilepsia.
Porquê?
A causa mais frequente de PC é a falta
de oxigénio a que pode estar sujeito o bebé durante o parto e com dificuldade
de respirar após o nascimento. A segunda
causa mais conhecida é a prematuridade, por imaturidade do cérebro. Além
destas, as crianças expostas durante a gravidez a tóxicos (como droga, tabaco e
álcool) ou infeções (como rubéola, sífilis, SIDA) podem nascer com
malformações cerebrais que causam PC. Mas há ainda um número significativo em
que não é possível ainda encontrar causa.
As
crianças e pessoas com paralisia cerebral enfrentam ainda hoje muitas situações
constrangedoras numa sociedade que se pretende inclusiva. Embora já se tenha
feito um longo percurso ascendente, as crianças com PC têm sempre dificuldades
acrescidas em explorar o meio e em comunicar com o mundo externo.
Estudos
atestam que as lesões cerebrais são irreversíveis, mas também nos demostram que
é possível reeditar funções em zonas do cérebro inativas.
Intervenção
Até
hoje ainda não existem intervenções clínicas que tratem com sucesso o dano
existente nas áreas do cérebro que controlam a coordenação muscular e o
movimento. No entanto, existem opções de tratamento muito diversificadas, mas que
no geral incluem fisioterapia, terapia da fala e ocupacional, ortóptica,
atividades assistidas, intervenções farmacológicas e procedimentos ortopédicos
e neurocirúrgicos (Andrada, 2000). De acordo com este autor, as intervenções
clínicas que se têm com a criança são sempre feitas em articulação com as
diferentes áreas ou especialidades da área da saúde e educação.
Torna-se
essencial minimizar os problemas sensoriais existentes nas crianças com
paralisia cerebral, pois estes vão influenciar os processos cognitivos,
atenção, memória bem como percepção. É imprescindível “…um programa de treino
em que se tente proporcionar aos alunos experiências que não pôde adquirir por
si próprio devido as suas dificuldades motoras.” (Jiménez, 1995:303).
De acordo
com Jiménez, é fundamental trabalhar a integração de esquemas percetivos como
a lateralidade, a direcionalidade, orientação, estruturação espaço temporal e
esquema corporal. Estas competências são
importantíssimas para aquisição/assimilação de aprendizagens mais complexas.
Deve-se ter em atenção o meio onde se realizam as atividades, devendo estas
serem ricas em estímulos e proporcionar à criança situações que lhe permitam
vivenciar experiências que sozinhas não são capazes de fazer e, por último, o
professor deverá motivar os alunos preparando actividades atrativas e
sistemáticas.
Como
em qualquer outra problemática, as novas tecnologias de apoio à aprendizagem,
dão nestes casos ajudas essenciais, pois dão ajuda ao nível físico-motor com
harware e sofware específico, mas atualmente APP(s) com funcionalidades
específicas e que se adaptam aos diferentes casos.
Atualmente,
se houver na criança com PC, intervenção precoce com a qualidade que se espera,
com uma boa articulação entre os serviços e família, onde todos se envolvam com
amor, podemos testemunhar muitas conquistas e sucessos e melhorar bastante a
qualidade de vida da pessoa com PC.
Fátima
Sampaio
(Educadora
da ELI Águeda, Especializada no Domínio Cognitivo-Motor)