A OBESIDADE não me define!

 

Como tens conhecimento, a OBESIDADE é definida como uma patologia em que o excesso de gordura corporal acumulada pode afetar a saúde. (DGS)

Se tiveres curiosidade em relembrar mais sobre a Obesidade, podes consultar o artigo 

(https://apeadeirodasaudeagueda.blogspot.com/2015/05/dia-nacional-de-luta-contra-obesidade.html)

Se conheces algum colega/amigo com OBESIDADE, tens a noção de que este é vítima de piadas, julgamentos e opiniões a dizer que precisa emagrecer.

OBESIDADE = BULLYING 

Algumas expressões são problemáticas e, no dia a dia, as pessoas nem notam, mas é urgente serem retiradas do quotidiano e das redes sociais o mais rápido possível!

“Emagreceste? Estás linda!” Perdes peso e logo vem alguém “elogiar” o teu novo corpo, associando o seu emagrecimento com beleza. Às vezes (muitas!), a pessoa nem faz por mal, não percebe o que falou. Mas um dos maiores problemas da gordofobia está nisso: é uma situação tão fixa no nosso inconsciente que esse tipo de frase (e opinião) sai com naturalidade.  Ser gorda não é o mesmo que ser feia e ser magra não é o mesmo que ser bonita!

“O rosto dela(e) é tão bonito!” ou “ela/ele é tão bonita(o) de rosto!”. Ao falar sobre uma pessoa obesa e elogiar apenas o seu rosto significa dizer que o resto do corpo dela não é bonito. E por que não seria? Porque é gordo? Se fosse magro essa mesma pessoa seria bonita por inteiro? Ser gordo é uma característica normal como qualquer outra. Ela não é o oposto de ser saudável ou de ser bonito. Muita gente diz que entende isso, mas usa frases e palavras no dia a dia que são absolutamente problemáticas e refletem o preconceito enraizado que as pessoas gordas sofrem.

“Ela (e) não é gorda (o), é gordinha (o)” (ou “é fofinho!”) Ser gorda(o) não é um defeito. Não há motivo para colocar a palavra GORDA no diminutivo. Muito menos criar eufemismos para se referir a alguém gordo. A pessoa gorda não é gordinha, nem fofinha, nem rechonchudinha. Ela é gorda e tudo bem.

“Ele/ela precisa cuidar da saúde.” Vamos lá ver mais uma vez: ser gordo não significa ser uma pessoa que não cuida da saúde. Alguém gordo/obeso pode ir ao ginásio todos os dias e fazer uma alimentação equilibrada e ainda assim ter problemas para perder peso. A beleza de um corpo está no quão saudável ele é.

“Roupa preta emagrece” Usa roupa preta porque gostas, porque te sentes bem, mas nunca “porque emagrece”. Primeiro porque ela não emagrece, continuas a ter exatamente o mesmo peso e as mesmas medidas com ou sem ela. A única questão é que a roupa preta interage com a luz de uma forma que visualmente parece que o corpo reduziu em medidas.

“Por que não fazes uma dieta?” Normalmente, quando se fala em “fazer dieta”, envolve grandes restrições de calorias e sacrifícios extenuantes. A pessoa deve aconselhar-se com profissionais para avaliar se a sua saúde está, de alguma forma, prejudicada pelos hábitos alimentares que tem e realizar a reeducação alimentar necessária.

 “Na adolescência e na infância, ela sofreu bullying por ser gorda, e a ignorância e o preconceito se manifestaram de diversas formas ao longo de sua vida: foi rejeitada pelas companheiras do time de vólei, teve um relacionamento com uma pessoa que não se deixava ser vista em público ao seu lado e chegou a ouvir em uma entrevista de emprego para uma loja que não deveria nem se esforçar, porque não haveria uniforme do tamanho dela” (testemunho)

Porque é que existe estigma em relação à obesidade?

Na década de 90, a obesidade passou a ser vista como um mal a ser combatido pela medicina e o corpo magro começou a ser reconhecido como sinónimo de beleza e saúde, pensamento que perdura até aos dias atuais.

Gordofobia - preconceito ou intolerância contra pessoas gordas

Todo esse preconceito pode conduzir a vários danos psicológicos.

Na adolescência, são descritas alterações no comportamento, gerando transtornos alimentares como bulimia e comportamentos de risco como tabagismo, alcoolismo, e práticas nutricionais erradas, a fim de obter o emagrecimento. Além disso, o bullying também pode influenciar no desempenho na escola.

Os danos estendem-se para a vida adulta -  muitas pessoas preferem-se esconder em casa para evitar olhares estranhos, não gostam de comprar roupa porque se sentem mal ao pedir os tamanhos necessários. Outro fato relatado é ter vergonha de ir a restaurantes, de comer em público porque se sentem vigiadas e julgadas. Esses fatos podem provocar depressão, crise do pânico ou crise de ansiedade.

 OBESIDADE = controlável = NEGLIGÊNCIA

Mas o excesso de peso não é necessariamente resultado de comer demais ou falta de exercício físico, mas sim devido a outros fatores:

Falta de sono - Segundo uma pesquisa, pessoas que dormem menos de sete horas/dia consomem, em média, 385 calorias diárias a mais do que aquelas que dormem além disso.

Medicamentos - Alguns medicamentos para a depressão e até anticoncecionais formulados à base de estrogénio contribuem para o ganho de peso.

Desequilíbrio hormonal - Um desequilíbrio na glândula tiroide pode causar o hipotiroidismo, que desacelera o metabolismo, dificultando o gasto de energia e retenção sal e água, conduzindo assim ao inchaço.

Genética - Estudos realizados com gémeos demostram que a genética influencia o nosso peso entre 40% e 70%. Há inclusive genes associados à acumulação de gordura, como o FTO.

 

Mas…  Afinal, ser obeso é sinal de doença?

Ser gordo/obeso não quer dizer, obrigatoriamente, ser doente! Assim, como ser magro não é sinónimo de saúde!

Para refletires…

Alguma vez viste algum anúncio sobre como ficar obeso em 15 dias?

Algum anúncio a dizer que a pessoa só depois de ganhar peso/ficar obeso é que vai ser feliz?

A obesidade é identificada com o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), um número obtido por meio da relação entre altura e peso.

O problema é que o IMC não traz dados sobre hábitos saudáveis, hormonas, valores de colesterol e triglicerídeos, além de outros fatores que são detetados por meio de exames laboratoriais e dizem muito mais respeito à saúde de alguém do que o tamanho de um corpo.

Os corpos que não são aceites sofrem uma espécie de patrulha, com um bombardeio de comentários.  Quanto mais as pessoas obesas reconhecem a sua obesidade, maior a tendência para comerem além da saciedade para buscar conforto emocional.

Chamar a atenção de alguém para o seu peso e a sua alimentação deixa a pessoa mais propensa a comer compulsivamente.

Assim, apresentamos-te assim um novo conceito:

Body positivity é reconhecer que todos os corpos são diferentes e o que é saudável para uma pessoa, pode não ser para outra. É sobre ajudar o outro a sentir-se confortável na sua pele e corpo, para que quando e se, se sentirem preparados para iniciar uma mudança, para um caminho saudável, se for o caso, isto acontecer da melhor forma possível. É sobre criar conhecimento de causa e sobre como não é simpático, empático, engraçado ou giro fazer chacota do corpo do outro.

“Pessoas obesas fazem exercício, dançam, são atletas, são trabalhadores,
empreendedores, são tudo aquilo que pessoas dentro e fora do padrão são!”

Webgrafia:

https://ionline.sapo.pt/artigo/735527/gordofobia-deixamos-de-nos-esconder-de-viver-em-sil-ncio-nao-temos-de-ter-vergonha-de-nada?seccao=Portugal_i