Assinala-se no domingo, 3 de outubro de 2021, o Dia Europeu da
Depressão. A data visa dar enfoque a esta doença, uma das doenças mais comuns e
incapacitantes, e aos que dela sofrem.
A Organização Mundial da Saúde estima que 350 milhões de pessoas
sofrem de depressão em todo o mundo, a maioria delas adultos em idade de
trabalho e que mais de 30 milhões de pessoas sofrem de depressão apenas na
Europa, tornando-se uma das doenças mais comuns nos Estados-Membros da União
Europeia.
A depressão afeta pessoas de todas as idades, de todas as esferas
da vida, em todos os países, provoca angústia e tem impacto na capacidade de as
pessoas realizarem até mesmo tarefas diárias mais simples, com consequências às
vezes devastadoras para o relacionamento com a família e amigos. Na pior das hipóteses, a depressão pode
levar ao suicídio. É, atualmente, em termos mundiais, a segunda principal
causa de morte entre os 15 e os 29 anos de idade.
Um estudo de análise realizado à escala global, estima que um em
cada quatro jovens (25,2%) tem sintomas de depressão elevados e um em cada
cinco (20,5%) apresenta sintomas de ansiedade altos devido à pandemia da
covid-19. Outro estudo realizado pela Universidade de Coimbra veio afirmar que a pandemia de covid-19 teve um impacto negativo
significativo na saúde mental dos jovens portugueses, sobretudo nos níveis de
depressão e de ansiedade.
Mas a depressão pode ser prevenida e tratada. Uma melhor
compreensão do que a depressão é e como pode ser prevenida e tratada ajudará a
reduzir o estigma (ou carga negativa, comum a toda a doença mental) associado e
levar a que mais pessoas procurem ajuda.
A depressão na adolescência
A adolescência é um período de transformação, em que
múltiplas mudanças físicas, psíquicas, afetivas e
sociais têm lugar.
As mudanças físicas e emocionais, a pressão entre pares,
ou medo de não corresponder às expectativas dos pais/amigos são acontecimentos
e sentimentos habituais durante a adolescência. No entanto, para alguns jovens
o impacto é maior e os sentimentos de tristeza e a perda de interesse por quase
tudo são persistentes e afetam todas as esferas da sua vida.
A depressão afeta a forma como o adolescente pensa,
sente e se comporta, podendo causar problemas físicos, emocionais e até
funcionais.
Existem fatores que aumentam o risco de desenvolver ou
desencadeiam a depressão no adolescente, tais como:
- Ser do sexo feminino - a depressão é mais
frequente em raparigas
- Ser obeso
- Ter um distúrbio alimentar (anorexia ou bulimia)
- Ter uma
perturbação de aprendizagem
- Ter uma doença crónica
- Baixa autoestima
- Problemas de relacionamento
- Bullying
- Ter sido vítima ou testemunha de violência física
ou sexual
- Consumir tabaco, bebidas alcoólicas ou drogas
- Alteração da orientação sexual
- Ter um pai, avô ou outro familiar com depressão,
transtorno bipolar ou problemas de alcoolismo
- Ter um membro da família que se suicidou
- Ter passado por eventos recentes traumatizantes,
como a morte de um familiar ou o divórcio dos pais
Os
sinais e sintomas de depressão na adolescência incluem alterações nas emoções e
do comportamento, como:
Emoções
- Sentimentos de tristeza que podem incluir ataques
de choro sem motivo aparente
- Irritabilidade, frustração e raiva
- Perda de interesse pelas atividades do quotidiano
- Perda de interesse pela família e amigos ou
relações conflituosas com estes
- Sentimentos de inutilidade, culpa e de
autocrítica
- Hipersensibilidade a eventuais rejeições ou
falhas e necessidade excessiva de ser tranquilizado
- Dificuldades de concentração, memória e em tomar
decisões
- Sensação que o futuro será difícil e “negro”
- Pensamentos frequentes sobre morte, morrer e
suicídio
Comportamento
- Ter insónias ou dormir demasiado
- Alterações no apetite que podem incluir perda de
apetite e de peso ou comer demasiado e engordar
- Consumo de bebidas alcoólicas ou drogas
- Agitação ou inquietação
- Pensamentos e movimentos mais lentos
- Dores de cabeça ou no corpo sem razão aparente
- Menor rendimento escolar
- Aparência física pouco cuidada
- Comportamentos de risco
- Automutilação (cortes, queimaduras)
É importante estar atento aos sinais de alarme!
O que os
pais/educadores devem fazer?
Perante um ou mais sinais de alarme, os pais devem
conversar com o adolescente, tentando perceber o que este está a sentir. Se os
sintomas de depressão se mantiverem, os pais devem aconselhar-se com o
pediatra, médico de família, ou numa consulta de Saúde do Adolescente.
Os pais/educadores/professores devem estar atentos e ter consciência que a depressão não é uma “fraqueza” que pode ser ultrapassada apenas com força de vontade, sendo necessário procurar ajuda médica e tratamento especializados, que pode incluir a toma de fármacos e acompanhamento psicológico.
No entanto, é fundamental não esperar muito tempo – os
sintomas de depressão não melhoram por si só e tendem a agravar-se se não forem
tratados.
A depressão na adolescência pode conduzir ao suicídio,
mesmo que os sinais e sintomas não pareçam muito graves.
Atenção!
Se o adolescente falar sobre morte e suicídio, procure ajuda: ligue para
uma linha de apoio especializada, aconselhe-se com o médico e peça o apoio de
familiares e amigos enquanto lida com a situação.
Onde procurar ajuda…
Como em qualquer outra patologia em primeiro deve dirigir-se
à sua equipa de saúde familiar. O seu médico de família, que se achar
necessário encaminha a pessoa a um Serviço de Psiquiatria. Como noutros campos,
a sociedade civil tem-se organizado e criado entidades de apoio, das quais
referenciamos algumas:
-
Linha SOS
Voz Amiga, mais conhecida pelo “Telefone SOS”, disponível diariamente das
16h às 24h, através dos telefones 213 544 545 / 912 802 669 / 963 524 660 ou
pelo Facebook; https://pt-pt.facebook.com/SOS-VOZ-AMIGA-321088290699/
-
Conversa
amiga, das 15 às 22h, pelos números 808 237 327 ou 210 027 159;
-
SOS
Estudante, das 20 à 1h, pelo telefone 239 484 020;
-
Voades
– Vozes Amigas da Esperança, acedível das 20 às 23h pelo número 22 208 07 07.
Para saber mais consulte:
https://www.sns.gov.pt/noticias/2017/03/30/dia-mundial-da-saude/
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